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Nômade digital na Itália

28 de Abril de 2020

Nesse post falo como foi morar como nômade digital na Itália por três meses durante o verão.

Moramos na Itália por 83 dias, ou seja, quase três meses, durante o verão mais quente da história da Europa. Foi o nosso primeiro destino como nômades.

Mergulhamos em uma cultura totalmente diferente da nossa, criamos novos hábitos, experimentamos a verdadeira (e farta) comida italiana, falamos mexendo com as mãos (gritando também) e descobrimos um povo carismático e super acolhedor.

Conhecemos um lado que jamais teríamos conhecido se estivéssemos apenas de passagem pelo país e por seus lugares turísticos. E é justamente por isso que a gente viaja.

Nota: neste post deixamos linkados os apartamentos que nos hospedamos pelo Airbnb. Caso você ainda não tenha cadastro na plataforma, cadastrando-se através deste link você ganha um desconto de até R$ 200 na sua primeira reserva e junto nós também ganhamos uma contribuição menor.

Qual cidade ficar na Itália?

Nosso plano inicial era de ficar em uma cidade fixados pelo tempo total de dias. Porém, “erramos” ao escolher o lugar por apenas um mês e ver se depois tínhamos como prolongar isso, principalmente pela alta temporada ter começado logo no mês seguinte à nossa chegada. Dito isso, ficamos uma média de 30 dias em cada cidade

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Livorno, Itália

Toscana

A primeira foi Livorno, na Toscana. Ficamos encantados com a cidade. Chegamos no final da primavera e ainda deu pra pegar um frio gostoso, digno de inverno carioca – só que um pouco mais frio. Foi nossa época preferida da Itália, até porque nem se compara com o sufoco que passamos no verão mais quente da história da Europa. Pois é, demos um azar danado. 

Da cidade de Livorno, inclusive, conseguimos conhecer Pisa, Lucca e Florença de trem. Na Itália você consegue cruzar praticamente todo o país de trem e não tivemos problemas para comprar passagens na hora, mesmo em alta temporada. Inclusive os preços são os mesmos comprando com antecedência ou não. Falamos nesse post aqui como é viajar pela Itália de trem.

Úmbria

Por questões de orçamento, o lugar mais barato que conseguimos pegar depois de Livorno foi um apartamento em Perugia, na região da Úmbria, por mais 30 dias. Foi lá onde passamos o sufoco de 40ºC.

Não conseguimos conhecer tanto a cidade, mas deu pra ter uma noção. Foi dessa cidade que pudemos conhecer a nossa preferida da Itália todinha: Assis. De trem, claro.

Perugia, Itália

Lazio

Logo após, ficamos em Soriano nel Cimino por 20 dias. Você deve estar se perguntando “por quê?”, assim como todos os moradores da cidade fizeram quando dissemos de onde vínhamos. Apesar da cidade ser menor que Niterói, gostamos bastante de nos hospedar e passear por lá.

Mais uma vez, foi o que encontramos dentro do nosso orçamento. A alta temporada chegou com força e julho e agosto são os meses mais caros na Itália. 

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Soriano nel Cimino

Nos primeiros e últimos dias na Itália, ficamos um total de 4 noites em Roma, por conta do nosso voo de chegada e partida do país.

Em maio, ficamos 3 noites no bairro Centocelle – longe do Centro, mas em frente ao metrô – num apê que gostamos muito. E em julho, no fim da nossa trip pela Itália, ficamos hospedados por uma noite no bairro de Trastevere e amamos!

Se você vier a Roma, tente ficar nesse bairro, pois tem muitas opções de lazer e cultura. Pena que só tivemos uma noite!

Roma, Itália

Modo de vida italiano

A primeira coisa que deu pra entender bem já de cara foi o quanto os italianos são devagar no modo de viver a vida. Pra começar, o comércio na Itália na maior parte das cidades fecha depois do almoço e só abre após as 16h ou 17h. Isso já diz muito do país, a galera gosta de descansar bem.

A gente vem de um modo de vida carioca, e por comparação, os italianos são bem mais desacelerados que nós. Esse foi um ponto que particularmente o Pablo gostou bastante em morar na Itália como nômade, já que ele tem o hábito de sempre dormir após o almoço – a famosa siesta italiana. Gostamos bastante dessa vida desacelerada, os dias passavam mais devagar. 

Fartura italiana

Outra coisa que confirmamos foi que italiano come muito (bem)! A fartura está presente em tudo, desde as prateleiras de supermercados lotadas de opções até os pratos bem servidos nos restaurantes.

Inclusive dá pra dividir todas as refeições com mais uma pessoa se você não come taaaanto. Dividimos praticamente tudo por lá, e tinha vezes em que ainda assim saímos cheios. 

Tivemos uma experiência em Soriano onde descobrimos o quanto eles comem e pudemos sentir o verdadeiro amor italiano pela culinária. Falo mais abaixo sobre essa experiência.

Arquitetura italiana

Foi a minha primeira vez na Europa e fiquei de cara no quanto tudo é tão bonito! Os prédios são mais antigos, mais baixos e bem menos modernos do que qualquer cidade grande que eu já tinha estado. A cada esquina, nos sentíamos em um cenário de filme medieval.

Saímos do país com uma visão bem clara e específica: a arquitetura na Itália é muito característica, com estruturas antigas – e preservadas! – e de tons terrosos.

Se a gente for escolher uma cor pra Itália certamente é a marrom. Os edifícios e casas possuem uma paleta quente que se conversa. 

Ruas de Livorno

E os becos, ah, os becos! Uma infinidade de becos por todas as cidades, nós adorávamos caminhar por eles e descobrir cantinhos escondidos, restaurantes e gelaterias mais conhecidos por locais, onde quase não se via um turista. 

Fugindo do turismo na Itália

Conhecemos três regiões: Toscana, Úmbria e Lazio (ou em português, Lácio), todas com suas particularidades. 

Quando mencionamos a Toscana, as pessoas normalmente associam aos vastos campos com algumas poucas casinhas e vinícolas, mas infelizmente só vimos essa Toscana nas viagens de trem.

A cidade que conhecemos, Livorno, era portuária e bem diferente da imagem que temos dessa região. Essa foi a cidade em que mais vimos edifícios novos e altos, apesar de não tão modernos.

Rua mais moderninha e o canal de Livorno

Livorno foi a única cidade (sem contar Roma) em que vimos lojas de departamento conhecidas, como Zara, Forever 21 e H&M, pra vocês terem uma noção do quanto ela foi a mais moderninha. E também a única que tinha um McDonald’s, parâmetro internacional para saber se uma cidade é grande ou não hahaha. 

A região da Úmbria tem um dos melhores chocolates do mundo, inclusive a fábrica da Perugina fica na cidade onde nos hospedamos, Perugia. Fomos visitar mas não valeu muito a pena.

O bairro que ficamos era colado na estação de trem, e infelizmente era bem sujo, feio e sem atrações. Nos pareceu ser a periferia da cidade. Muitas ladeiras e sem muito lugar para caminhar, algo que a gente faz diariamente.

Ficamos afastados do centro histórico, que é aquele bem característico da Itália, com casas antigas, prédios mais baixos e monumentos históricos. 

Pelas ruas de Perugia

E por último, a região de Lazio, que também é onde fica Roma. A cidade de Soriano nel Cimino se mostrou ser a mais medieval que ficamos, com castelos e fortificações. Era difícil achar prédios com mais de cinco andares, tudo bem antigo. Foi a menor cidade que conhecemos, com cerca de 8 mil habitantes.

como é morar na itália
Italianos reunidos na praça principal de Soriano nel Cimino
cidade italiana
Vista aérea de Soriano: nosso apartamento ficava bem no meio!

Tivemos a impressão de que todos os habitantes da cidade eram aposentados e todo mundo se conhecia, pois a qualquer horário do dia encontrávamos vários grupinhos de senhores tomando um café nas poucas pasticcerias da cidade.

Quase não vimos jovens adolescentes nas nossas andanças, alguns poucos se concentravam no final da tarde em uma gelateria na entrada da cidade. Pra você ter uma noção, não encontramos uma hamburgueria sequer por lá! 

A Itália é isso, cheia de cantinhos, becos e uma aparência amarronzada. Junta tudo isso e acrescenta algumas milhares de roupas estendidas pelas janelas dos edifícios. Conseguiu visualizar?

casa na itália
Nosso apartamento em Soriano

Os italianos

Quando chegamos na Itália tínhamos a leve impressão de que as pessoas eram mal-educadas. Não me lembro o porquê agora, principalmente diante de tudo que vivemos que nos provou ser o oposto disso. 

Fomos bem recebidos – até demais – logo no primeiro contato com os hosts do nosso primeiro Airbnb por um mês, que fizeram questão de nos buscar na estação de trem, falavam em até 5 línguas para tentarem se comunicar com a gente da melhor maneira possível e até nos convidaram para um evento onde um deles ia maestrar um coral! 

Experiências like a local na Itália

Em Soriano, a host do nosso Airbnb também nos buscou na estação (em troca de algumas fotos dos apartamentos que ela aluga – que inclusive são as fotos do anúncio!).

Mas a parte mais legal foi que ela nos convidou para participar de uma aula de culinária da empresa de turismo que ela administra na cidade.

A aula era na casa de sua família. Botamos a mão na massa, aprendemos a fazer pizza italiana com uma das nonnas da família e ao final comemos todos juntos, com muita música e fartura!

Essas experiências nos proporcionaram um contato com a cultura local e com os próprios locais que normalmente a gente não tem quando viaja a turismo e mais rápido.

É bacana chegar em cidades mais desconhecidas e contar um pouco da sua história pra quem está te recebendo (mesmo que você esteja pagando). Despertamos a curiosidade das pessoas e isso gera uma conexão. 

Fomos os únicos não-locais em um evento pequeno com um coral de idosos homenageando Giuseppe Garibaldi, em Livorno. Aprendemos o verdadeiro significado da cozinha italiana cozinhando e jantando com uma família italiana enorme e duas canadenses, em Soriano. Se isso não é ser bem-recebido eu não sei o que é. 

Nossa aula de culinária em Soriano

Só passamos por problemas no nosso segundo Airbnb, em Perugia, onde os hosts não foram tão amigáveis assim conosco e nos demonstraram desde o início uma certa desconfiança de nós. Com exceção disso, tivemos dias ótimos pela Itália e nos sentimos em casa na maioria das vezes. 

Mercado na Itália

Ficamos em três cidades diferentes mas todas tinham os mesmos mercados. Costumávamos fazer as compras da semana no Coop, Conad ou Lidl. Revezávamos entre esses três.

O Coop e o Conad eram nossos preferidos e sempre tinham tudo que precisávamos. Já o Lidl só fomos na cidade de Perugia e achamos ele bem fraco na variedade e na quantidade de comida.

Uma das coisas que mais nos surpreendeu foi o quanto a carne é cara na Itália. Carne, frango e peixe. Por conta disso, preferimos passar essa temporada como vegetarianos e nos aventuramos em alguns novos sabores.

Não tem como morar na Itália e fugir da massa, isso já sabíamos. Mas o que não sabíamos era o quanto a massa italiana é leve. Nos surpreendeu bastante e achávamos que iríamos sair de lá com alguns quilos a mais, porém – pasmem – emagrecemos!

Mas confesso que caminhamos demais durante nossa passagem por todas essas cidades, todos os dias saíamos para explorar as cidades por pelo menos 1h.

Veja aqui quanto custou ser nômade digital na Itália, dividido por cidades.

O verão na Itália

Como falei anteriormente, passamos um baita sufoco de calor durante a nossa viagem. Foi o verão mais quente da história da Europa! Pegamos 40ºC na cidade de Perugia, em um apartamento que só tinha um ventilador de chão.

Foi difícil demais trabalhar ou fazer qualquer coisa dentro do apartamento. A sorte é que a noite baixava um pouco a temperatura e o ventilador dava conta, mas durante o dia, desde às 8h da manhã já estava fazendo aquele calorão infernal. 

Verão sem praia na Itália

Infelizmente não conseguimos visitar nenhuma praia durante toda a nossa estadia na Itália, pois não haviam praias próximas de nós (só em Livorno, mas lá pegamos frio), nem bate-volta dava pra fazer de trem de tão longe (e caras) que eram.

Portanto, nosso verão pela Europa foi visitando cidades antigas – como Assis –  e sofrendo pra trabalhar em casa. 

Da esquerda para a direita: vista do centro histórico de Assis; Igreja de São Francisco de Assis de frente; e de lado.

Caso você venha pra Itália no verão, recomendamos que fique em cidades próximas de praias. E se você tiver uma vida como a nossa, priorize os apartamentos com ar condicionado.

Pegamos o final da primavera e o início e meio do verão. A primavera pra gente foi a melhor época, pois o clima estava perfeito pra sair na rua. 


Tentei contar em detalhes tudo o que vivemos pela Itália ao longo desses três meses. Para nós, morar na Itália como nômades digitais foi uma experiência maravilhosa. Recomendamos fortemente que você visite esse país tão acolhedor e veja com seus próprios olhos tudo o que descrevemos por aqui. 

Se puder escolher, vá no finalzinho da alta temporada para evitar o calor mais forte e ter a chance de ver duas estações. Chegamos no final da primavera e ainda conseguimos ver as varandas enfeitadas de flores para todos os lados, é muito bonito. 

E por último, um conselho pra essa e qualquer viagem que você faça: procure locais, converse com eles, conheça a cultura, faça amizades, se mostre interessado. São esses tipos de experiências que deixam a gente mais realizado. 

E se você é do tipo de pessoa que curte ouvir sobre esse assunto, gravamos um episódio do nosso podcast sobre como foi essa experiência. Se você é mais visual, fizemos alguns vídeos por lá também.

como é morar na itália
Escrito por:
Barbs
nesse post falamos de

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